sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

EU SEI QUE EU TENHO UM JEITO MEIO ESTÚPIDO DE SER...

-... Bom... Eu estou preocupado com isso.
Ao ver que eu estava achando exagerada sua frase, e que já estava esboçando um sorrisinho, ele emendou:
-... É... Nada tão preocupante quanto minha estupidez.

Rimos. Rimos muito, pois era evidente que de estúpido, ele não tinha nada.
Eu o abracei, o beijei enquanto riamos. Quase saiu alguma frase carinhosa, porém achei que seria muito óbvio e cafona...
... Afinal, era Natal...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A incrível possibilidade de ser o padeiro.


Sim o padeiro aí em cima sou eu.
Depois de elogiar minha amiga Renata no Post abaixo: “amigo oculto”, fui convidado para fazer uma “ponta” num dos episódios de “corpo estranho” no www.teatroparaalguem.com.br.
Este episódio será o terceiro da série e estará disponível a partir de hoje às 22:00 HS.
Agora todos entenderão porque eu deixei de ser ator. Neste caso além de ficar claro o quanto sou canastrão, ainda por cima estou de bigode.
Sim, canastra de bigode. Não perca.

Presidente negro à moda da casa.


A pouco foi relançado o livro “Presidente Negro” de Monteiro Lobato, de 1926.
A pouco Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos.
Lógico que toda a mídia se atentou ao fato de o livro falar de uma hipotética eleição americana, onde um negro disputa com uma mulher a vaga na Casa Branca.
Bom... Jornais, revistas, programas de TV se impressionaram com a possível “profecia” de Monteiro Lobato - pois algo parecido já havia ocorrido, com sua personagem Emilia, em relação ao petróleo. A boneca de pano insistia na existência do ouro negro no nosso território, muito antes da existência da Petrobras e de suas descobertas, incluindo a mais recente e estrondosa, a da baía de Santos.
Muito bonito profético e tal.
Mas pouco se falou do conteúdo desde livro. Baseado em teorias como da eugenia, onde a hegemonia da raça branca é defendida.
E obviamente racista, considerando homens e mulheres inferiores a supremacia branca.
Nesta época muitos intelectuais se identificavam com estas teorias, uma por serem evidentemente brancos, e acreditarem realmente em sua superioridade em relação aos demais seres. Tanto que este livro se tornou um cartão de visita para Monteiro Lobato. Este tipo de conceito era uma espécie de “moda intelectual” da época. Vide a merda que deu alguns anos depois na Alemanha.
Algo parecido ocorre com o célebre filme de D. W. Griffith de 1912 “O Nascimento de Uma Nação”. Filme revolucionário em termos de linguagem e narrativa. Estórias paralelas, planos detalhes, começo, meio e fim. Tudo isso surgiu com este filme. Em termos estruturais os filmes de hoje mudaram pouco, basicamente Griffith inventou o cinema que nós assistimos até hoje (aliás, está na hora de mudar não é?). O filme tem como enredo a guerra civil americana e a ascensão política dos negros. Os negros são retratados horrorosamente e odiosamente, como bêbados, vagabundos, preguiçosos, arruaceiros, exatamente como poderia dizer “à moda da época”.
Puxa que bom que esta moda passou! Será?
Alguns anos atrás, no horário mais nobre dos domingos na televisão, riamos de um negro bêbado e vagabundo, que na maioria das vezes era humilhado por seus colegas pela sua raça. Era um programa para toda a família, os adultos e principalmente as crianças adoravam. Era um programa da “moda”.
Hoje a moda é outra. Até quando não sei. Mas o que mais me incomoda é saber que nossa aceitação e tolerância dependem do quanto às pessoas que detém a informação, também são tolerantes e aceitadoras de diferenças.


P.S.:
Uma declaração do nosso “sutil” presidente Lula, quando perguntado sobre Obama:
“Se Obama fracassar, a frustração será tão grande, que serão necessários muitos séculos para que um negro seja de novo eleito presidente dos Estados Unidos".
Que bonito Lula, por que você não disse: “Vamos ver o que este negro vai fazer”?
Não podemos esquecer o que mais se falava no nosso país quando Lula foi eleito:
“Vamos ver o que este nordestino, analfabeto e operário vai fazer”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Fuga Psicogênica – David Lynch, O.J. Simpson e Second Life.



Cada vez mais fica evidente minha “quedinha” por patologias mentais ou psíquicas. Com nomes esquisitos então... Acho ainda mais divertido.
Esta última surgiu quando estava lendo “Em águas profundas” de David Lynch. Sim, aquele diretor cabeçudo que todos adoram, mas ninguém entende picas dos seus filmes. Formam-se rodinhas de outros tantos cabeçudos na frente do Espaço Unibanco para discutir e encontrar uma luzinha de compreensão de sua obra. Pois é, o curioso é que David Lynch sempre se colocou como um artista abstrato, como um pintor, ofício no qual ele confirma ter exercido antes de ser cineasta, e todos mesmo sabendo disso buscam uma compreensão racional, lógica.
Tudo isso é sensorial, intuitivo, entendeu?

Então, enquanto criava o roteiro para Lost Highway, ele andava encafifado com o caso O.J.Simpson. “Como alguém que fez o que fez, anda por aí sorrindo, jogando golfe?”
Eis que descobre o termo psicológico fenomenal – FUGA PSICOGÊNICA – Uau!
A fuga psicogênica é o evento no qual a mente se ilude para escapar do horror...
Gostei, é mais ou menos como um Second Life, só que de verdade, ou somente na cabeça do indivíduo, sei lá... Mas, uma realidade paralela que a mente cria, e onde os fatos se tornariam mais suportáveis, é realmente muito interessante.
Ontem à noite fui desafiado a entregar um projeto de um curta. Esta idéia de uma vida paralela tem me atraído bastante... Quem sabe?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

GÊNESES DE UMA SOCIEDADE - OPERETA FARSESCA


ATO 1
Acendem-se luzes gradativamente. Cenário de uma churrascaria burlesca.
Música Polca-cigana animada.

(Uma grande mesa ao fundo com toda a família reunida, cantando, dando risadas histéricas, pratos se quebrando).

Na mesa.

PARENTE DISTANTE: Ora, ora! Que bom que vocês vieram, queridos primos.
CIDADÃO:... É... Viemos dar uma passadinha...
ESPOSA: É só uma passadinha, pois estou de dieta.
GARÇOM: Picanha senhor? Picanha senhora?
CIDADÃO: Obrigado.

Música “polca” fica ainda mais animada.

PARENTE DISTANTE: Primo, você resolveu, aquele probleminha, com a TV à cabo.
CIDADÃO: (sem jeito) Não, não é problema não, eu simplesmente estou sem grana agora, mas logo vou colocar.
PARENTE DISTANTE: (confidenciando) Então rapaz... Eu descobri um jeito de fazer um gato...
CIDADÃO: Gato?
GARÇOM: Coelho senhor?
PARENTE DISTANTE: ...Então, eu fiz um esquema com o instalador. Pedi a ele que só instalasse a internet. Daí, DISCRETAMENTE, mostrei-lhe um bocadinho de dinheiro e perguntei se era possível colocar, quem sabe, nesta pequeninha televisão... Alguns canais a mais... HÁ-HÁ-HÁ, quem sabe... Tipo todos os canais possíveis existentes...

Risos da família.

CIDADÃO: ...E???
GARÇOM: Lingüiça senhor?
PARENTE DISTANTE: ...E... E... (quase histérico)... Ele fez!

Aplausos da família.

PARENTE DISTANTE: Agora tenho 597 canais. 97 de esportes e mais 39 de conteúdo, como posso dizer... Ah! Adulto.
GARÇOM: Maminha senhor?

Apagam-se as luzes e acendem logo em seguida. Dando a sensação de passagem de tempo.


PARENTE DISTANTE: (Em tom cerimonioso) Queridos parentes e amigos. Como todos sabem, a muito tempo eu sou assessor de um grande deputado estadual. Homem honesto de um partido só de trabalhadores...

GARÇOM: Tucano senhor?
CIDADÃO: Tucano? Vocês servem tucano? Isso é legal?
GARÇOM: (Com desdém) Se é legal? É DÍ-VI-NO!

PARENTE DISTANTE: (Pigarreando, chamando a atenção para si)... Continuando, e como adquiri experiência nestes anos todos, tanto na política, como no exercício da advocacia, acredito ser um bom momento para me lançar como candidato a vereador...

FAMÍLIA EM CORO: BRAVO! BRAVO!

Apagam-se as luzes. Acendem primeiro com foco no casal, e depois gradativamente para todo o cenário.

CIDADÃO: (Olhando para esposa) Vamos pedir a conta e vamos embora?
ESPOSA: Vamos, antes que fique ainda mais indigesto.
CIDADÃO: (Tirando a carteira do bolso, procurando com o olhar o garçom).
PARENTE DISTANTE: (No mesmo instante, ergue o braço) Garçom, por favor, a conta. Queridos, faço questão de pagar para todos vocês, (ao olhar a carteira na mão do cidadão)... Mas se o primo faz questão de pagar... (falando ao seu ouvido) pague somente sua parte, pois tenho de conquistar os restantes. Obrigado pela sua presença e colaboração...


FAMÍLIA EM CORO: BRAVO! BRAVÍSSIMO!

Música Polca chega ao seu clímax.
Luzes se apagam.

EXCETO A OPERETA E A FARSA, TUDO ISSO ACONTECEU.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

CRIME E CASTIGO - A OBRA.

Estou lendo esta obra, que é uma síntese dramatúrgica e psicológica dos enredos criminais.
Obscuro, mental, nevrálgico... como Dostoiévski.

Esta foto é da Sibéria, onde eu passei por cima, e Dostoiévski cumpriu pena por baixo.

CRIME E CASTIGO - A CONSTATAÇÃO.

Três processos judiciais seguidos, ela acompanhou de perto.
Pendências antigas. Crimes leves, corriqueiros, muito comuns na nossa sociedade.
Questões trabalhistas, etc.
O curioso são as cifras. Todos estes processos envolviam dinheiro, e todos os articuladores, no caso os advogados, deixavam claro os seus interesses, antiéticos, em abraçar as causas pelo montante que resultariam no final dos processos.
A causa? A justiça? Depende de quanto.
Chegavam a ser repugnantes, patéticos, animais se alimentando de carniças.
Justiça. Somente enquanto houver interesse(s)...

PRELÚDIO.


Allegro... Nada Moderato...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Para quem tiver dez minutos... Muita luz e WONG KAR WAI.

Cassio. Amigo e sócio de muito tempo.
Sócios. Pois ainda dividimos idéias, gostos e amigos.
Numa postagem anterior ele comentou sobre os filmes dos perfumes Kenzo, que lembravam Wong Kar Wai. Então, como o tema era publicidade... Nada como um belo filme deste diretor que eu e alguns bons amigos admiramos.
Ah! Vale assistir este comercial comendo pipoca.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

UM DIA APÓS O GATO. OU A ULTIMA LIÇÃO EM SETE ANOS.


Acordei com o gato morrendo.
Desenganados, já sabíamos que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.
A vida é muito simples... Uma hora é... Na outra não se sabe...
Quieto, ofegante e recluso. Elegante até mesmo para morrer.
Pulsação moderada, espasmos, olhar distante... Silêncio... E fim...


Janelas abertas para entrar o dia...
E o domingo seguiu... E a vida seguiu... Pelas janelas... Por nós...
Viver é assim, às vezes dói... Dói... E passa...