domingo, 18 de janeiro de 2009

MÚSICA DE TRAVESTI PARA UMA CIDADE INFELIZ.


Moro numa cidade feia, suja e insalubre.
Mas tudo bem, não tenho nenhum rancor por ela ser assim. Sou tão enraizado, nesta cidade, que não consigo me imaginar morando em outro lugar. Gosto, e vivo bem em São Paulo.
Sua beleza é subjetiva. Quem vive aqui, aprende a garimpar as suas bonitezas.

Na semana passada, eu tinha um comercial para rodar numa locação próxima à estação do Brás do metrô. Daí, resolvi ser “verde” e fui a pé. Deixei o carro em casa, ganhei créditos de carbono e segui andando, ouvindo música com mochila nas costas. Me senti como um verdadeiro “homem-moderno-urbano-consciente-do-futuro”.

Porém, o Brás é horrível. Horrível para todos os nossos cinco sentidos. O som, a cor, o cheiro, as pessoas se esbarram. Tudo, tudo é caótico.
Enquanto eu andava pela Rangel Pestana, curiosamente, no meu tocadorzinho de música eu ouvia a versão de "La Vie en Rose" da Grace Jones. Achei divertida a ironia, que de tão paradoxal foi perfeito. Algo delicado e decadente ao mesmo tempo.

Sempre que eu ouço Grace Jones, imagino que suas músicas deveriam fazer parte de um repertório de algum show cafona-performático-transformista, algo meio Almodóvar.

Se você é ou pretende ser um artista transformista, sugiro incluir esta música no seu repertório quando for fazer um showzinho, num inferninho qualquer da cidade.
Se foi bom para o Brás... Pode ser bom para toda cidade.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

MICKEY ROURKE, SUOR E CERVEJA.


Tem uma frase de Nelson Rodrigues, que cabe bem para este sujeito...
“Eu... Que sou o marginal da própria glória”.

Taí... Mickey Rourke, o marginal no seu momento de glória.
Premiado e reconhecido.
Mais uma vez com muita porrada e empenho, brilhou o grande ator.

Apesar de sua popularidade com o épico-erótico-yuppie “9 semanas e meia de amor”, sempre se manteve na clandestinidade. Clandestino, talvez seja uma boa definição para este senhor. Digamos, que talvez seja sua essência.
Envolvido com diretores inovadores, e projetos desafiadores, correu muitos riscos, indo do genial ao asqueroso, do sublime ao ridículo.
Apesar dos fracassos e equívocos, dois de seus filmes, para mim, foram fundamentais para a escolha do ofício que eu exerço hoje. São eles “Rumble fish” e “Bar Fly”. Lógico que estes projetos vieram de mentes e esforços de pessoas como o diretor Coppola no primeiro, e do escritor Bukowski no segundo. Mas é inegável seu carisma e talento para o sucesso desses filmes (entenda sucesso como uma boa realização, não necessariamente retorno comercial. Estamos falando de cinema, não de sabão em pó).
Brigando como peixe ou bebendo como mosca... Vale a dose...
Saúde...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

FREE, FREE MIKE TYSON, FREE. O MARGINAL E IMORAL DO MÊS.



Sabe como é natal... A gente bebe, encontra os familiares... Lembra de coisas... Fala mal dos outros... Come peru... Bebe sangria... Bebe cerveja, prosecco... Etc.
Meu irmão, que tem memória afiada (tanto RAM quanto HD), de maneira nostálgica nos lembrou de Mike Tyson e suas lutas minúsculas, que duravam poucos segundos. Esperávamos ansiosos por suas lutas, uma expectativa de semanas, que com meia dúzia de catiripapos, tudo acabava.

A “noite feliz” seguiu, e como eu estava alternando sangria com cerveja, me bateu uma melancolia (ou pileque, como quiser).
Enquanto tocava a musiquinha de harpa, numa interpretação esplendorosa de “Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel” pensei:
“Pô, ninguém vai brindar o Mike Tyson?”

MIKE TYSON, O MARGINAL E IMORAL DE JANEIRO.

Resolvi reverenciá-lo. E todo mês nomearei um autêntico “marginal e imoral”. Lembrando que isto não é nenhuma apologia ao crime. Não, nada disso. Quando falo marginal, falo do que está à margem, do que não está em evidencia ou é óbvio. E imoral, por não ter moral de história nenhuma. Amoral... Simplesmente. (espero não ter de explicar isto de novo!)

Em 2005, depois de meter a mão num cinegrafista numa boate aqui em São Paulo, Tyson concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo, que considero incrível. Uma entrevista que talvez nem o próprio jornal tenha dado tamanha importância.
Mas como pugilista que é, estabeleceu estratégia: se esquivou, golpeou, estudou o adversário (o jornalista Eduardo Ohata), e estabeleceu o jogo. Falou da prisão, período de masturbação e leitura. Falou de astrologia, é canceriano como eu. Falou de Filhos. Imperador japonês. Homossexualismo. E lógico, bordoadas, porradas e surras.
Mas no final, nocauteado, chorou.
Com os olhos vermelhos olhou para o adversário e disse: “... E se você disser algo disso para alguém, mato você da próxima vez que o encontrar.”

Tyson, prostrado... À margem... Que no final, chora...

Segue a entrevista na íntegra:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u95350.shtml

sábado, 3 de janeiro de 2009

Dia de rei no dia primeiro. Com Mascarpone e Amoras.


Nunca entendi o real significado do réveillon.
Uma noite cheia de superstições e crenças sem pé nem cabeça. Tudo o que você venha a fazer na virada do ano pode ser decisivo para o seu ano. Se comer isso você será aquilo, se vestir azul – dinheiro, se vestir amarelo – amor, e assim seguem uma infinidade de mandingas para o ano ser bom. Porém todos passam, bebendo muito, comendo demais, fazendo e falando algumas merdas. Pela lógica seremos gordos, alcoólatras e insuportáveis no próximo ano.

URUCUBACA À PARTE, O MEU RÉVEILLON FOI DE REI.
A fada... Patinha, nos proporcionou delicadeza e bom gosto para o nosso próximo ano.
Imagine. Uma torta. Uma fava de baunilha num creme de mascarpone, repleto de morangos e amoras.
Suavidade... Leveza... Como 2009 de todos deveria ser.
O que mais posso desejar?...
Como rei, neste dia... Já tive tudo...