
- “shiiii! Silêncio, o menino está dormindo...”
Em 2006, logo no comecinho, um menino com pouco mais de 3 quilos entrou na minha casa.
Tomou todo nosso tempo, espaço e amor. Ele pedia conforto, paz e silêncio.
8 horas da noite, luz difusa, cheirinho de banho e um silêncio de circo no instante em que o trapezista atravessa, sobre uma corda bamba, um vale de facas afiadas apontadas para o céu.
Falar só se fosse baixo “moderato”, andar, com leveza, como plumas.
8 horas e 15 minutos, luz difusa, cheirinho de banho e o silêncio... Na sala, Silêncio... Nos quartos, silêncio... Na vida, silêncio... Musiquinha? Hum? Só se for inaudível. TV? Melhor não, na novela sempre tem alguém exaltado com o vilão, e grita, e chora. Filme, será? Bem, sempre tem um carro que explode, uma música triunfante, melhor deixar pra lá. Ao som dos grilos, pude então observar com mais atenção coisas que já não dava a menor atenção...
Na estante, livros que pediam para serem lidos. No computador, projetos e textos para serem elaborados... E o melhor, tudo o que não tinha, me sobrava neste instante... Silêncio, paz e conforto.
Não posso negar que ganhei uma cara de sono atrasado, coisa típica de quem é pai, um cansaço insuperável, mas com muitos projetos e realizações eminentes.
Aos 32 anos me casei, aos 32 anos me tornei pai, aos 32 anos ganhei novas perspectivas....Obrigado, pelo silêncio...