quinta-feira, 13 de agosto de 2009

PORTRAIT: DOMINGO, DIA DOS PAIS.




Há uma linha tênue, de proximidade e distância entre as pessoas.

Enquanto preparava o “Portrait” de meu avô, tinha cada vez mais a sensação de que estava escrevendo sobre uma pessoa que não conhecia. Com vínculo sanguíneo evidente, nossos rostos se assemelham, nossos gestos se assemelham, mas nossas vidas... Não.
Um “Portrait” de origem distante, uma ancestralidade quase secular. Mas não, era logo ali. Um retrato de uma hereditariedade muito, muito próxima.

Neste último final de semana, após uma luta de quase dois meses em um hospital, meu avô morreu.
Um dia de pais, ensolarado, com um ruído surdo e incômodo. Meu avô velado e enterrado de maneira simples, num domingo, como outro qualquer.

Mas esta data – Dia dos Pais – era quase irônica pra este momento. Uma data inconveniente pra se enterrar o avô, que o conheço por conversas curtas e banais, que o conheço por torcemos pelo mesmo time, que o conheço por alguns poucos telefonemas nos natais, que o conheço por ser pai, ser pai de meu pai, ser meu avô, bisavô de meu filho...
Uma relação simples, que me esforcei pouco para melhor. Enterrada, no domingo...

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