sexta-feira, 12 de junho de 2009

A PACIÊNCIA DO DIABO.


Pois é! A Arte, o teatro...
Bom, esta última semana foi a mais confusa, estressante e conflitante dos últimos tempos...
Fazer arte definitivamente não é fácil. E não digo pelo dinheiro, que é óbvia a sua escassez. Mas pela cultura do questionamento.
Me lembro de quando era jovem e acreditava poder ser ator (apesar de minha mediocridade), eu me cansava muito com todos os questionamentos que eu passava.
Era um inferno! Eu sofria, sofria de mais. Pra tudo eu tinha uma pergunta, e quase sempre, um nada, um vazio como resposta. Me perguntava: Por que este ódio? Por que eu franzo a testa? Por que eu gosto do Fellini? Por que, quando estou no dentista balanço a perna compulsivamente? Por que eu gosto de chá de hortelã? - na época gostava de chá, e de hortelã. Como a gente muda!
De repente desisti de mim. Desisti de querer saber tudo. Daí, desisti do teatro, da arrrte e do diabo...
Mas o diabo sempre está à espera.
Meu distanciamento como diretor de áudio-visual me deu um sossego de um cidadão comum que toma chá ou café sem muito pesar. Que gosta de futebol, xinga o juiz e é completamente contra a estupidez no trânsito, com um cinismo elegante de classe média (dentre outras incoerências jogadas nos porões da mente)...

Mas não. Não bastava a simplicidade da vida média.
Voltei para o meu inferno. Questionado e esmiuçado, volto pro universo do “mas isto é assim por quê?”
Meu trabalho, minha expressão, meus princípios, minhas dúvidas, minhas inseguranças... Tudo está exposto! Tudo é transparente, e o que não é, uma hora será.

Nunca meu trabalho como diretor foi tão questionado. Por mim e pelos outros. Não questionado se é bom ou ruim, mas por que é assim ou assado? E quando se é intuitivo como sou, tudo fica ainda mais difícil...

Antes de entrar ao vivo a peça “Socorro”, todos ritualisticamente, gritavam “Merda, merda!”- Eu pensava “Merda, é meu inferno... Graças a Deus!”

Um comentário:

Unknown disse...

Engraçado....acho que o diabo anda me rondando demais tb.....hehehehe...e viva o o nosso inferno particular de cada dia.